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WGSN + Aramis: Renovações nas masculinidades

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WGSN + Aramis: Renovações nas masculinidades

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Hoje em dia, muitos homens, incluindo a nova geração, estão preocupados em exercer masculinidades mais leves e conscientes. A busca por essa renovação está relacionada à quebra de um padrão que já não funciona mais para o futuro que eles esperam. 

Junto a isso, os movimentos raciais, feministas e LGBTQIAP+ colaboram para que novas perspectivas sejam criadas no universo dos homens. A busca por esse equilíbrio, por essa equidade, pode resultar em um futuro mais justo para todas as partes.

Assista ao primeiro episódio da série WGSN + Aramis:

Sendo assim, algumas renovações no masculino começam a despontar, trazendo um panorama muito mais diverso, plural, onde o coletivo ganha espaço, através da busca individual de cada um, mas com um olhar empático pelo todo.

Vem com a gente e descubra quais são as renovações nas masculinidades!

Desconstrução: vulnerabilidade e cuidado

Abrindo espaço para que os homens expressem seus sentimentos e emoções, a imagem do homem que não chora, inabalável, ativo, corajoso, sempre distante e forte, está se dissolvendo ao longo dos anos.

O motivo disso é que as novas estruturas familiares começam a contar com pais muito mais presentes nas atividades de casa, cuidando dos filhos, enquanto as mulheres estão cada vez mais inseridas no mercado de trabalho.

Essa evolução na equidade de gêneros traz para o homem novas possibilidades e responsabilidades relacionadas ao cuidado. 

Nesse caminho, podemos observar 4 movimentos:

Homens mais reais:  que se permitem sentir mais, compartilham o que estão sentindo sem receio de ser/parecer vulnerável e faz com que isso tudo seja visto como um sinal de força e não de fraqueza. Há também, a quebra do padrão físico ideal que começa a abrir espaço para diferentes corpos, trazendo visibilidade para diversas existências.

O homem mudou muito. Enxergo um homem mais sensível e se permitindo coisas que antes não se permitia.

Mariana Nassralla, Diretora de Estilo Aramis.

Donos de casa: mesmo que aos poucos, o movimento dos homens responsáveis pela casa e pelos filhos começa a ganhar força nos próximos anos, com a conquista das mulheres no mercado de trabalho.

  • 7% dos homens já deixaram o mercado de trabalho para cuidar dos filhos. O número ainda é 4 vezes menor do que o percentual de mulheres, que é de 30% (Catho, 2020).
  • Durante a pandemia, 56% dos homens aumentaram a participação nas atividades de casa e 47% passaram a cozinhar mais (Datafolha, 2020).

    Vale ressaltar que se de um lado há evolução, do outro há resistência, visto que para 44% dos homens entrevistados, largar o emprego para cuidar da casa é motivo de vergonha (Data Popular, 2020).

    Paternidades: a paternidade consciente vem ganhando espaço, fazendo com que homens se tornem pais mais próximos de seus filhos, além do aumento na troca de afeto. O próximo passo agora é o entendimento da responsabilidade integral, que ainda é fortemente associada às mulheres.
  • 88% dos Pais millennials sentem que é importante ser o “pai perfeito” (Baby Center, 2019).
  • 65% das mulheres dizem que os pais estão cada vez mais participativos na vida dos filhos (Instituto PdH + Zooma Inc, 2019).

Além disso, empresas como a Aramis e várias outras já oferecem licença-paternidade estendida, pois entendem que o papel do homem é tão importante quanto o da mulher nos primeiros dias de vida dos pequenos. 

Novas famílias: diversas configurações de famílias surgem, mostrando que o amor pode ser cada vez mais plural, enfraquecendo aos poucos a ideia do “homem pai de família” nos diferentes tipos de relações. 

  • Enquanto a taxa de crianças adotadas não passa de 0,4% entre casais heterossexuais, 2,9% dos casais homoafetivos adotaram crianças no período (Williams Institute, 2018).
  • Até o final de 2021, a expectativa era de recorde de casamentos homossexuais, um verdadeiro marco após 10 anos da liberação do STF (Arpen).
  • O modelo clássico de família formado por pai, mãe e filhos cai para 42,3% e já não é maioria no país (PNAD, 2018).

Essas novas configurações abrem espaço para que diferentes pessoas possam estabelecer múltiplos modelos de família, onde o amor e o cuidado estão presentes, independentemente dos padrões pré-determinados. 

Masculinidade tóxica em pauta – consciência e responsabilização 

Cada vez mais, os comportamentos controladores e possessivos estão sendo vistos como uma masculinidade tóxica, que não pode ser mais tolerada, tanto dentro, quanto fora de casa.

Devido às leis e mecanismos de denúncia, cada vez mais homens têm sido expostos e punidos, mostrando que não há mais espaço para relações conturbadas. Sendo assim, alguns deles já começam a revisar atitudes dentro de seus grupos, abrindo espaço para trocas e aprendizados. 

Perspectivas de evolução: em 2017, o movimento #metoo trouxe à tona as denúncias de diversas atrizes contra a cultura do assédio sexual no cinema. Além disso, a partir de 2023, a educação sobre consentimento em relações será mandatória em todas as escolas australianas.

Responsabilização real: ao invés de contribuírem para o diálogo, alguns homens centralizam em si mesmos o tema, se excluindo de qualquer responsabilidade, utilizando discursos com viés de minoria para inverter as situações.

  • Discurso anterior
    “Tenho essas atitudes por conta do instinto selvagem do homem, da natureza. Não tenho culpa.”
  • Proposta de novo discurso
    “Eu fui educado assim, foi o jeito que me ensinaram a ser. Não tenho culpa.”

É importante ser consciente e entender os males causados durante a história, mesmo que o homem não se reconheça nesse padrão moldado de masculinidade. Isso não é sobre uma pessoa só, é sobre todo um legado.

E, sobretudo, há acesso à informação para uma parcela significativa da sociedade, que pode e deve buscar mais repertório e maneiras de impactar positivamente nessa mudança.

Quebra de estereótipos – liberdade e aceitação

A quebra de estereótipos com a presença de pessoas de diferentes orientações sexuais em lugares que, até então, eram restritos à elas, traz abertura para o diálogo, além de mais auto aceitação e liberdade para que cada um possa assumir a sua sexualidade. 

Diferentes expressões culturais, antes marginalizadas e pasteurizadas, têm ganhado mais espaço e abraçado a pluralidade e profundidade dos sentimentos. 

No esporte, por exemplo, o conceito de “homem de verdade” começa a perder força com a presença de atletas profissionais que não têm medo de falar sobre suas orientações sexuais, demonstrando que isso não afeta seu desempenho.

“Quero ser lembrado como o primeiro homossexual a jogar vôlei em alto nível no Brasil.

Douglas Souza, atleta brasileiro de Vôlei.

Na cultura, algumas séries como Sex Education, exibida pela Netflix, aborda diferentes campos da sexualidade com diversos personagens que retratam a pluralidade em que vivemos.

Sucesso desde 2014, logo após a legalização do casamento de pessoas do mesmo sexo no Brasil, Pabblo Vittar explodiu e hoje é a Drag Queen mais seguida do mundo nas redes sociais, se tornando um símbolo de progresso e resistência.

  • 81% dos brasileiros que não são LGBTQIAP+ dizem que assistir a personagens da comunidade os faz sentir mais confortáveis com essas pessoas na vida real.
  • 85% das pessoas LGBTQIAP+ dizem que o entretenimento ajudou suas famílias a entendê-los melhor.
  • 87% dos brasileiros LGBTQIAP+ concordam que filmes e séries atuais os retratam melhor do que antes.

    (ONG GLAAD, 2020)

Redução das linhas entre gêneros – expressão e autocuidado

Se antes, o homem atraente era aquele que não se importava muito com a estética, a beleza, entre outras coisas consideradas “de mulher”, hoje isso tem mudado.

É visível o processo que reduz ou abandona as linhas que limitam como cada gênero se expressa e os homens têm sido influenciados por isso.

A principal mensagem é de que é permitido sim cuidar da beleza, procurar procedimentos estéticos, se maquiar, vestir roupas antes consideradas apenas femininas, entre outras práticas “fora da caixa”.

As roupas existem para se divertir, experimentar e brincar. O que é realmente empolgante é que todas essas linhas estão simplesmente se desintegrando. Quando você desconsidera que ‘há roupas para homens e para mulheres’, as suas possibilidades de experimentação aumentam.

Harry Styles, cantor, sobre ensaio para a Vogue.

Com o crescimento do Tik Tok, a tag #femboy (expressão utilizada desde os anos 90 para definir homens cisgêneros que vestem roupas essencialmente femininas), ganhou popularidade e tem se multiplicado inclusive nas semanas de moda. 

A nova geração e as expressões: para a Geração Z, definir-se é limitar-se. Ao invés de ser uma coisa só, um universo de possibilidades se abre na frente de quem não quer viver o de sempre. Sem se rotular, a ideia é quebrar estereótipos e explorar novos conceitos de identidade, expressão de gênero e sexualidade.

  • 20% dos jovens brasileiros não se consideram apenas heterossexuais (Box1824, 2018).
  • 56% já compram roupas fora do seu gênero (Vogue Business, 2020).

Aumento da busca por procedimentos estéticos: quebrando antigos padrões estabelecidos, os homens têm permitido trabalhar em favor de seu bem-estar. Isso fica ainda mais nítido quando olhamos para os cuidados estéticos.

  • 8 em cada 10 homens afirmam que hoje não são só as mulheres que se preocupam com a beleza (ABIHPEC, 2018).
  • Nos últimos 5 anos, houve 30% de crescimento de cirurgias plásticas em homens (SBCP, 2020).
  • Quando o assunto é toxina botulínica, houve 20% de aumento nas aplicações em homens (ASDS, 2021).
  • Entre junho de 2020 e junho de 2021, a procura por transplantes capilares cresceu 85% (AIRS).

Essas mudanças não estão acontecendo apenas com homens que estão à frente do movimento, por dentro do assunto, ou com homens que são extremamente vaidosos. Vários homens de diferentes níveis buscam alternativas que os ajudem a se expressar e se apresentar da melhor forma. 

  • A previsão de faturamento para 2023 no mercado mundial de beleza masculina é de US$ 78,6 bi (Research & Markets).
  • 39% dos homens consumidores brasileiros passaram a se importar com produtos de beleza (Cosmetology, 2018).
  • 54% dos homens revelaram frequentar regularmente salões e barbearias, sendo que 43% se consideram super vaidosos (ABIHPEC, 2018).

Olhar para os homens negros – inclusão e respeito

Há muitas décadas a luta contra a discriminação racial é pauta importante em muitos países e estruturas sociais. 

Dentre várias manifestações que já aconteceram, o movimento Black Lives Matter foi um marco, alcançando o planeta todo e provocando o início de importantes mudanças em 2020.

A inserção, representação e relevância de homens negros em diferentes espaços, têm ajudado a criar discussões em torno da masculinidade negra e seus desafios específicos.

Ao ocuparem todos os tipos de espaços, consequentemente outros homens negros começam a se enxergar de outras formas, se sentem pertencentes e começam a construir novas referências para si e para o todo. 

Referências culturais: no esporte, o hexacampeão Lewis Hamilton é o primeiro piloto negro a correr na Fórmula 1 e, ao longo dos últimos anos, tem se tornado uma importante voz na luta contra o racismo.

Na música americana, o empresário, produtor, compositor e cantor de hip-hop, Jay-Z, acumula uma das maiores fortunas da indústria ao lado de sua esposa Beyoncé.

No Brasil, além do sucesso como cantor, Thiaguinho tem sua própria gravadora, escritório, além de contratos expressivos. Recentemente, entrou para a lista dos bilionários da Forbes.

A importância de Pantera Negra: com um diretor afro-americano, bem como a maior parte do elenco composto por artistas negros, o Pantera Negra foi o primeiro filme de um super-herói negro da Marvel e conquistou a maior estreia da história dos Estados Unidos (O Globo, 2018).

Além disso, em 2019 o filme levou três estatuetas do Oscar para casa, se tornando o maior filme de super-herói da história (NerdSite). Sem contar que o segundo filme foi eleito o mais aguardado de 2022 (Fandango).

Discussões específicas: quando fazemos um recorte racial, outras questões vem à tona e evidenciam os sentimentos que permeiam a existência de homens negros. A violência praticada contra essa comunidade ainda é latente.

No Brasil, a chance de uma pessoa negra ser assassinada é 2,6 vezes superior àquela de uma pessoa não negra, de acordo com o Atlas da Violência 2021.

Além disso e, dentre outras coisas, a hiperssexualização coloca o homem negro em um lugar que não abre espaço para a  homossexualidade, fazendo com que seja muito mais difícil a sociedade aceitar um homem negro gay. 

É por essas e outras, que é de extrema importância que essas questões sejam observadas, que qualquer tipo de racismo não seja tolerado, além de trabalharmos a inclusão e representatividade de homens negros – de pessoas negras – em todas as esferas da sociedade. 

Essas são apenas algumas renovações do que está surgindo trazendo propostas  de masculinidades. É claro que, para enxergarmos para onde estamos caminhando, é importante olhar para o passado, o presente, para que possamos perceber onde ainda falhamos e precisamos melhorar como pessoas e sociedade.

Logo mais, você vai ficar por dentro das principais tendências apontadas para o futuro das masculinidades.

Salve na agenda que dia 31 de agosto sai o episódio II de What’s Next: O Estudo Sobre Os Homens.

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