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Vamos falar de Pisco?

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Vamos falar de Pisco?
Alex Mesquita Alex Mesquita

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O pisco é uma bebida que surgiu na metade do século XV e que até hoje, dois países lutam pela criação: Peru e Chile.

Trazidas pelos espanhóis, os primeiros registros do cultivo da uva datam de 1553, na cidade de Lima, no Peru. Com a chegada dos primeiros missionários espanhóis, chegaram também as primeiras videiras plantadas sempre próximas às igrejas, para garantir o vinho utilizado no ritual das missas.

Em 1546, chegou ao Peru um sacerdote espanhol que trouxe as primeiras variedades viníferas. Um pouco mais tarde, por volta de 1613, documentos históricos a respeito do destilado também foram registrados no mesmo local.

Foto/Imagem: Site Wine Enthusiastic

A partir da segunda metade do século XVI, termos como alambique e aguardente enriqueceram o universo linguístico dos peruanos, bem como atiçaram a criatividade popular. 

Estudos climáticos apontam que a criação do pisco tenha ocorrido primeiro no Peru, devido às baixas temperaturas. Mas como o frio também se faz presente em terras chilenas, rapidamente a bebida caiu nas graças dos moradores locais. 

Se levarmos em consideração a forte tradição dessa aguardente no Peru, todo o seu processo é muito mais complexo do que o Pisco Chileno, que geralmente conta com mais água para diminuir o teor alcoólico no final do processo. Já no Peru, o Pisco uma vez produzido, não se pode mexer.

Disputas à parte, dizem que o Pisco é como a grappa ( bebida italiana), pois ambos são feitos de uva. Porém, o Pisco tem sua própria personalidade e, segundo registros, é a bebida mais antiga das Américas.

Na coquetelaria, essa bebida tem alguns excelentes representantes como os clássicos coquetéis Pisco Punch e Pisco Sour.

O Pisco puro é produzido a partir de apenas uma qualidade de uva, mais comumente da uva local – Quebranta – e que tem variedades aromáticas, como as das uvas Torontel ou Itália. 

Já o tipo Acholado, é produzido a partir da mistura de duas ou mais variedades de uvas. Temos também o Mosto Verde, uma espécie mais “nobre” de Pisco especial, que se destila a partir do mosto de uvas parcialmente fermentadas. 

No Chile, eles ainda utilizam uma forma antiga para classificar seus Piscos, baseada basicamente em teor alcoólico. Dessa forma, temos o Pisco corrente ou tradicional com 30º; o Pisco Especial com 35º; o Pisco Reservado com 40º; e o Gran Pisco com 43º.

Apesar de ser uma medida padrão para os chilenos, vale lembrar que existem várias histórias de como essa bebida recebeu o nome de “Pisco”. Alguns dizem que a palavra veio do nome “pisque”, que era o nome de um pássaro encontrado no vale de Ica, no Peru. 

Quando fui por volta de 2010 no Peru, fiquei encantado com a história do Pisco que basicamente é um aguardente de uva, elaborada nos vales Iquenhos (Pisco, Ica e Nazca).

De lá pra cá, a coquetelaria do Peru foi se desenvolvendo muito rapidamente e, por volta de 2012, já tínhamos no Brasil algumas marcas de Pisco peruanas e também chilenas. Com isso, muitos bartenders começaram a provar e entender melhor sobre essa aguardente muito versátil na coquetelaria.

Como apreciador de boas histórias etílicas e, através de uma pesquisa que fiz recentemente, em 1916, Lima concentrou o Pisco em inúmeros estabelecimentos desde cafés, pubs e lojas de licores, convertendo o Pisco à um ambiente “la belle époque”: uma época de muita boemia, anos românticos e paladares refinados.

A partir de 1719 o termo Pisco foi reconhecido para designar a aguardente de uva. Não podemos deixar de mencionar um nome muito importante nessa história do Pisco que foi o americano Victor Morris, que criou em Lima o primeiro negócio especializado em venda de bebidas e coquetéis com Pisco: o Morris Bar.

Foi ele que criou o icônico coquetel “Pisco Sour”. Hoje, inúmeros bares têm resgatado a cultura do Pisco Sour e embora a família de coquetéis “sour” seja amplamente conhecida no mundo, ainda existe muito preconceito com o preparo dessa receita, que leva adição de clara de ovo. Com o passar dos anos, a clara de ovo foi substituída por clara de ovo pasteurizada que, em resumo, não mudou muita coisa.

Foto/Imagem: Site Infobae

Todos nós que trabalhamos na indústria de bares, sabemos que essa família de coquetéis é muito conhecida e que, geralmente, todos os sabores envolvidos em receitas que contém clara de ovo dão uma textura mais aveludada nas receitas, além de deixá-las mais aromáticas.

Além disso, o Pisco tem uma grande vantagem com relação a outros destilados superiores,   que não passam por barris de algum tipo de madeira específica.

O Pisco leva uma energia saborosa nas receitas e, dependendo do estilo de Pisco, sendo mais aromático ou não, são extremamente interessantes para o nosso paladar.

Com o alargamento das fronteiras latino americanas, começam a chegar em maiores quantidades nas grandes distribuidoras e também em alguns supermercados, marcas mais tradicionais (peruanas e chilenas) de Pisco.

Estamos em um momento de ampliação de destilados no Brasil e, sem dúvida nenhuma, a chegada do Pisco além de enriquecer prateleiras em todos os bares, vai proporcionar também uma nova experiência de sabores para os clientes.

E lembre-se que da próxima vez que você for pedir um Pisco Sour, desconsidere totalmente essa luta entre esses dois países maravilhosos e cheios de cultura.

Espero que vocês tenham gostado. Beba menos, beba melhor! Até a próxima matéria pessoal.

Capa: Imagem retirada do site Quero Ser Bartender


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