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Uma viagem gastronômica no inverno de Buenos Aires

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Uma viagem gastronômica no inverno de Buenos Aires
Ernesto Xavier Ernesto Xavier

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Com câmbio favorável e gastronomia em alta, a Argentina é meu destaque para turismo no inverno deste ano.

Muito tem se falado sobre brasileiros aproveitando o câmbio favorável para viajar para a Argentina. O país vizinho passa por uma crise financeira há muitos anos e a melhora da economia brasileira nos últimos meses colabora para uma diferença grande entre o Real e o Peso Argentino. 

Estive em meados de junho em Buenos Aires (a última vez tinha sido há 9 anos, em 2014) e pude experimentar carnes maravilhosas, vinhos de qualidade e passar por alguns perrengues. E quero dividir um pouco dessa experiência com vocês.

Para começar, é importante dizer que sou um homem negro, brasileiro, de 38 anos. Pode parecer irrelevante mencionar isso para alguns olhares ainda desatentos, mas essas informações podem mudar a maneira como somos vistos e tratados no exterior. Já tive quase todo tipo de vivência fora do Brasil: fui muito bem tratado várias vezes e passei apertos em outras.

Aqui vai um spoiler: dessa vez tudo ocorreu bem nas questões raciais. E, isso, não esconde o fato de que venho de um país onde o racismo está presente constantemente, portanto, não seria uma novidade. Aliás, nas duas vezes que visitei o país passei por situações constrangedoras com a polícia no aeroporto e na estrada. 

Passada essa parte, vamos falar de dinheiro. No chamado câmbio paralelo, que é possível encontrar em algumas casas de câmbio (tome cuidado com notas falsas) e na Western Union, a cotação estava em aproximadamente 1 para 100. Ou seja, mil reais se transformam em 100 mil pesos. Simplesmente incrível, já que no câmbio formal sairia a metade (1 para 50). 

Enviei o dinheiro pelo app da Western Union, mas eu não contava que seria feriado na Argentina. Cheguei em uma segunda-feira e o comércio só voltaria ao normal na quarta-feira. Então, aqui vai a primeira dica: se informe sobre o calendário local (em qualquer lugar do mundo), pois isso pode afetar sua viagem de diversas formas. 

O primeiro dia, então, foi feito com o uso do cartão de crédito, que eu já tinha habilitado para viagem internacional antes de viajar. A cotação não é das melhores, mas salva. 

É fácil usar Uber, Cabify e Didi para se deslocar. À noite, o locatário do apartamento do Airbnb, Silvio, me salvou. Consegui enviar dinheiro para ele através do app do Airbnb e ele me passou a quantia (com a cotação do paralelo) em pesos. A partir dali as coisas melhoraram. 

Fiquei no bairro famoso de San Telmo e gostei bastante. Outros bairros que posso recomendar são Recoleta, Puerto Madero e Palermo. San Telmo tem muitos cafés interessantes, restaurantes, o Mercado de San Telmo aos domingos, bares. Só tenho elogios para o bairro e para a hospedagem com preço ótimo (Bolívar, 1618). 

Logo na esquina do prédio se encontra o simpático restaurante La Popular, com seus garçons igualmente simpáticos, comida boa e preço justo. A cinco quadras tomei um dos melhores cafés da manhã no charmoso Casa Telma (Av. Carlos Calvo, 498).

Casa Telma | Foto: Caras Argentina

Tentei, em vão, jantar no Don Julio, o melhor restaurante da Argentina (19° do mundo). Eu tinha reserva? Não. A mais próxima era para setembro (era junho). O restaurante recebeu a premiação no dia anterior. Cada brasileiro que estava na cidade teve a mesma ideia. 

Então, reserve com bastante antecedência, pelo menos com nome na lista de espera. Dizem que a comida é excelente e o preço bom também, se comparado aos restaurantes estrelados no Brasil.

Acabei indo nesta mesma noite ao Hierro Parrilla Palermo (Costa Rica, 5602), onde comi o melhor Ojo de Bife da minha vida. Foram dias incríveis comendo nos melhores restaurantes. 

Dos que visitei indico: Villegas Resto (Puerto Madero – Alicia Moreau de Justo, 1050) com um menu com entrada, prato principal, água, cocktail de recepção, garrafa de vinho e sobremesa por 8310 pesos (por volta de 83 reais). Sim, é este preço mesmo. 

Também amei o menu do La Parolaccia (9500 pesos) de culinária italiana, um ambiente romântico, vista bonita e destaque para o tiramisù per-fei-to.

Queria ter tido mais tempo para visitar outros lugares, mas ficará para uma próxima. Seria interessante conhecer o Las Chicas de la 3, liderado por Pato e Romi, duas mulheres incríveis, num restaurante raiz, bem argentino, no meio do Mercado Central e conhecido por sua Tortilla de Papas que foi destaque na série “Street Food”, da Netflix. 

Bom saber que funcionam apenas de terça à sexta de 9h30 às 14h30 e o balcão é bem disputado por turistas, chefs de cozinha e frequentadores do mercado. Nada de luxo. Comida boa e farta. Aliás, fica a dica para as porções que são servidas: pense sempre que é possível dividir, pois quase sempre vem bastante comida (em qualquer restaurante que visitei).

Parrilla Don Julio | Foto: El Cronista

No carro, em direção ao aeroporto, conversei com o motorista sobre futebol. Ele é torcedor do River Plate e eu do Fluminense. Ambos no mesmo grupo da Libertadores. Ele fala do seu encanto pelo Brasil e, eu, sobre a Argentina. É possível sermos “hermanos”. A rivalidade fica só no campo de futebol. 

Voltei para São Paulo com uns 2 quilos a mais e com a alma leve. Viajar, como já disse, é o meu melhor investimento.

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Nos vemos por aqui!


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