Corpo e Mente

Vencendo o tempo

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Vencendo o tempo
Ernesto Xavier Ernesto Xavier

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A busca incessante pela juventude mascara a dificuldade de lidar com as mudanças e de aceitar a própria finitude.

Eu venci o tempo! Estou prestes a completar 39 anos e, por dentro, não consigo sentir o “peso” dessa idade. É difícil, inclusive, acreditar que falta tão pouco para o fatídico 40.

Lembro de quando era criança e pensava que pessoas com 40 anos eram muito velhas. Agora me olho no espelho e consigo gostar mais de mim do que quando tinha 25 anos. Talvez seja a beleza da maturidade, do autoconhecimento e da aceitação das minhas próprias limitações. Sendo assim, venci o tempo. 

Algum dia as rugas virão e isso não me preocupa. Sei que os cuidados que tenho com a pele desde a adolescência e a quantidade de melanina me ajudam a manter um aspecto mais jovial, mas o tempo é implacável.

A lombar dói bastante em alguns dias. A natação acaba sendo a tábua de salvação que sustenta esse corpo que já dá sinais de cansaço. Caminhadas pelo bairro fazem o coração se manter tranquilo, apesar do futebol me dar taquicardia vez ou outra. É da vida. Viver sem emoção não tem graça.

Aprendi com meu avô de 95 anos (com uma mente lúcida incrível) que os dias devem ser aproveitados de acordo com as nossas sensações: se estou bem, vou comemorar; se não estou, vou ficar na minha sem querer forçar algo irreal para agradar os outros. 

Em maio, a notícia de que um milionário norte-americano de 45 anos fazia transfusões de sangue com o próprio filho de 17 anos para ficar mais jovem, mexeu com a esperança de quem deseja o tal elixir da juventude eterna.

O tal milionário, Bryan Johnson, gastava cerca de 10 milhões de reais por ano para pagar uma equipe de 30 médicos que trabalhavam para manter (ou resgatar) sua mocidade. 

Não só o filho, Talmage, participou do procedimento. Seu pai, Richard, de 70 anos, também recebeu transfusões de sangue. Em sua conta no Instagram, Johnson anunciou no dia 22 de maio: “Meu filho, meu pai e eu concluímos a primeira troca de plasma multigeracional do mundo. Antes divididos pela mente, agora unidos pela biologia”. 

Ao olhar os posts de Bryan dá pra perceber sua preocupação com a saúde e, claro, com o retrocesso do envelhecimento.

Ele mostra seus índices saudáveis incompatíveis com a idade, seu corpo praticamente sem gordura e mensagens motivacionais para quem, como ele, quer eliminar a velhice. Não sou contra essa tentativa. Pelo contrário. Se for possível, por que não avançar nos estudos? 

Mas se eu faria? Acredito que não.

Quero viver de forma saudável o máximo de tempo possível. Mas não pretendo ficar por aqui nessa terra por 150, 200 anos. Cada período tem sua beleza, inclusive o fim. A motivação para levantar com energia todos os dias também vem da possibilidade de um fim próximo. Carpe Diem, não é mesmo?

Os supostos estudos que comprovam a “juventude” de Bryan são confiáveis? Não sei. O certo é que o marketing em cima desse método que, obviamente, será vendido pelo milionário excêntrico, está fazendo com que ele fique ainda mais rico.

Johnson é seu próprio garoto-propaganda. No entanto, para mim, a questão não é este homem que vende uma suposta longevidade (como Elon Musk também tenta fazer), mas uma insatisfação com as marcas do tempo. 

No final de junho foi lançado o quinto filme da saga Indiana Jones, estrelado por Harrison Ford aos 81 anos de idade. Este ‘Indiana Jones e a Relíquia do Tempo’ me fez lembrar daquele lançado em 1989, “A última cruzada”, onde o personagem principal tentava salvar o Cálice Sagrado, que era o santo graal, que daria a vida eterna e a juventude.

Percebe-se que este é um desejo tão enraizado em nosso pensamento, que se transporta para a indústria cultural. 

E por que não pensar neste Harrison Ford pulando, correndo, se aventurando pós-80 como fazia nos primeiros filmes da série? Inclusive, em ‘A Relíquia do Tempo’, Ford aparece “mais jovem” através da inteligência artificial.

O ator não se opõe contra a utilização de IA no cinema, mas faz um alerta: “Quando é útil, fico feliz por tê-la (no filme), quando não é, fico desapontado por termos escolhido esse caminho”.

Foi um recurso para mostrar um personagem que já conhecemos no passado, sem precisar utilizar um outro ator (que deixaria uma sensação estranha) ou apelar para o recurso da maquiagem, que provavelmente não teria o resultado desejado. 

Harrison Ford não quis ficar mais novo. Ele mostra, com seu talento, que a vida também é bela na velhice. 

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