Corpo e Mente

3 anos do início do lockdown: o que mudou em nós?

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3 anos do início do lockdown: o que mudou em nós?
Ernesto Xavier Ernesto Xavier

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Reflexões sobre as mudanças que o período de reclusão deixou. Como a tecnologia e a saúde mental influenciaram nossas vidas a partir da pandemia.

Escrevo este texto no dia 21 de março de 2023. Neste dia, em 2020, eu estava praticamente sozinho na redação da GQ Brasil fazendo o fechamento da edição que traria Tiago Iorc na capa, em abril.

Ademir Correa, meu editor chefe querido, Dudi Machado, Diretor de Conteúdo e Verrô Campos, editora de gastronomia, estavam em quarentena, pois tinham acabado de voltar de EUA, Itália e Espanha, respectivamente. Três países onde a Covid-19 já estava fazendo estragos.

Eu, que faria uma viagem ao Japão (outro foco naquele momento), tive a viagem cancelada dias antes de embarcar e acabei ficando em São Paulo. Coube a mim realizar o fechamento da edição in loco

Na madrugada de 21 para 22 de março de 2020, voltei para meu apartamento de táxi e dali só sairia para rápidas idas ao mercado e, uma vez por mês, à redação para fechar alguma edição. Eu ou qualquer outra pessoa no mundo, não tínhamos a noção do que enfrentaríamos dali em diante.

As histórias do lockdown são distintas e gosto de ouvir relatos de como essa experiência às vezes angustiante, trágica, outras reflexiva e altamente transformadora, atingiu cada pessoa que encontro. 

Passados 3 anos, consigo ter certo distanciamento para olhar o universo ao meu redor e refletir sobre o que passei (passamos). Naquele apartamento de 40 m² na Bela Vista, em São Paulo, fiquei recluso por longos 3 meses.

Não, a pandemia não acabou nesse tempo, mas em junho aluguei um carro e fui até o Rio de Janeiro ver minha família. Antes disso fiz exames e não coloquei o pé na rua, para me certificar de que não levaria qualquer perigo aos meus avós e pais, que faziam parte dos grupos de risco.

Depois de 4 dias, voltei para São Paulo por mais um período sem encontrar qualquer pessoa, a não ser os porteiros do prédio.

Será que este tempo de reclusão e medo nos mudou? O que podemos perceber realmente diferente?

Havia uma expectativa de que a Humanidade sairia dessa mais evoluída. Seríamos mais compreensivos, apreciaríamos nossa companhia, ajudaríamos o próximo. Não era esse o nosso sonho?

O que vejo na prática, é que fazemos mais reuniões por videoconferência, o trabalho remoto é mais habitual, os aplicativos de comida vieram pra ficar, até terapia fazemos remotamente e estamos ainda mais viciados na tela do celular. Ou seja, o espaço que a tecnologia ocupa em nossas vidas cresceu. 

Os brasileiros passaram cerca de 5 horas e meia, em média por dia, em frente ao celular no ano de 2021. Ao lado da Indonésia, temos o maior índice dentre os 17 países analisados pelo iOS Apple Store e Google Play.

Um número 30% maior do que o registrado em 2019, no mundo pré-pandêmico. Em 70% do tempo estamos em redes sociais como TikTok e Instagram. Esse crescimento, que não se viu apenas no Brasil, impulsionou o consumo dentro dos aplicativos.

Também em 2021, foram lançados mais de 2 milhões de apps e jogos, e os aplicativos que lucraram mais de 100 milhões de dólares subiram cerca de 20%.

O mundo digital acelerou seu processo e não temos como fugir. E, cada vez mais ouvimos falar de Inteligência Artificial e Metaverso. O que pode ainda pode parecer fantasia para uns, já é realidade para outros. 

Foi durante a pandemia que automatizei minha casa com Alexa (sendo uma com tela touch e câmera para videochamada), controle universal Wi-Fi com acionamento por voz, TV também com comando de voz, fechadura eletrônica e lâmpadas Wi-Fi. Me sinto na casa dos Jetsons. 

O uso de medicamentos para saúde mental no Brasil aumentou 57% entre 2017 e 2021, segundo dados do Conselho Nacional de Farmácia. No primeiro ano de pandemia, a prevalência global de ansiedade aumentou cerca de 25%, de acordo com a OMS. 

Melhoramos? Como você se avalia três anos após o início do lockdown? O período de reclusão trouxe algum aprendizado ou apenas problemas? Esse texto tem muito de uma percepção pessoal, que tentei preencher com dados oficiais, porém as experiências individuais são distintas.

Ainda há tempo para refletir sobre quem éramos e o que nos tornamos. As consequências daquele período ainda serão sentidas por muitos anos e, certamente, o mundo nunca mais será o mesmo. 


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