Pequeno guia sobre como desbravar Viena

Viena é indiscutivelmente elegante, educada e próspera, onde se anda quase como numa serena sinfonia de música clássica. Capital da Áustria, a cidade fica no leste do país, às margens do rio Danúbio.

Há um ritmo calmo, quase silencioso, pelas ruas e, mesmo no ir e vir de quem passa ou trabalha pelas vias mais movimentadas, parece não haver pressa.

Talvez nem precise, pois é uma sociedade que funciona bem entre si, se respeita e dá valor à qualidade de vida. As belezas barrocas e rococós são plenas e imperam em contraponto às linhas puras e retas de construções pós-guerra.
 
O vienense é chique não somente no modo de vestir, mas também em suas maneiras. Não esconde, porém, o que para alguns poderia até parecer sisudez à primeira vista, logo se percebe ser muita seriedade, dedicação e educação em tudo que se prontifica a falar e fazer.

Hoje, Viena passa por um momento muito interessante, onde existe um cenário ainda mais cosmopolita, que começou a despontar há mais ou menos dez anos, encabeçado por gente de espírito jovem e com uma visão muito mais aberta do mundo.

A rua Ringstrasse, pela qual circula o Centro Antigo – também conhecido como Distrito 1 – pode ter sido o ponto de partida para a formação do que hoje é a cidade, e também pode ser um bom ponto para começar a explorar Viena.

Um pouco depois de atravessar o canal por onde passa o rio Danúbio, chega-se ao Distrito 2, conhecido como bairro de famílias judaicas e que também ascende, tal qual o Brooklyn em Nova York.

Para lá têm ido jovens open mind, cheios de criatividade e ansiosos para desfrutar de uma cena mais internacional. Nesse bairro, cafeterias e lojinhas te transportam para longe, para alguma cidade mundo afora com muito charme e toques bem autorais. 

Os restôs e cool shops vêm ganhando espaço – estilistas de moda também vêm se instalando no Distrito 7, onde se veem surgir lojas-conceito, como as de Berlim e Londres. 

Não há dúvidas de que Viena é uma das cidades mais inovadoras no mundo todo, sempre aberta a oportunidades e novos negócios. Além disso, lá se valoriza tanto o produto local como os dos vizinhos dinamarqueses, suecos e finlandeses.

Dá pra ver pelo crescimento constante de ciclovias, campus universitários e o redesenhar de áreas de recreação e entretenimento, que se misturam com os arredores do canal Danúbio.

Tem muita coisa nova por lá e, mesmo o jovem que viaja e tem desejo de explorar o mundo, não abre mão de preservar o que está no alicerce da história do país.

O clássico e a importância de nutrir – e curtir – a herança histórica e cultural da Áustria jamais são deixados de lado. Estes são preservados com muita alegria.

Frequentar concertos e óperas naqueles edifícios neo-renascentistas de tirar o fôlego, é um programa pra família toda e que não se destina somente à alta sociedade. 

A educação do austríaco é a regra número 1 em qualquer família. Em todos os sentidos, inclusive ligada à consciência ambiental. Não à toa é o país que mais recicla na Europa: comum de se ver espalhado nas ruas a separação do lixo, não apenas restrito às residências.

E, para ajudar na diminuição dos impactos ambientais, a população vem abrindo mão de veículos motorizados para usufruir de transportes públicos e bicicletas. Sem contar nas áreas verdes (parques, bosques e jardins) que ocupam metade da área urbana de Viena.

É tudo tão perfeito que se chega à conclusão de que o vienense não tem do que reclamar, pois vive em uma cidade cuja qualidade de vida está apontada como a melhor do mundo há anos pela Consultoria Internacional Mercer.

Não há diferenças sociais gritantes (não há subúrbios nem bairros ultra sofisticados), violência e crimes não preocupam a sociedade, além da classe média viver bem, pois existem boas escolas e sistemas de saúde públicos.

São princípios tão básicos que quase se tem a impressão de nada sair, nunca, do lugar. E não sai! Aliás, só se vê crescer a expectativa de uma cidade em constante evolução que sabe, como poucas, combinar tão bem raízes e tradição com o novo, com o moderno.

Tão pequena mas incrivelmente perfeita e que não fica pra trás de nenhuma grande metrópole mundial.

O que fazer em Viena

Hofburg Imperial Palace: com certeza você não vai se esquecer desse museu que embora não seja gigantesco – e justamente por isso não cansa – tem uma riqueza absurda de detalhes sobre a casa, a vida e o estilo de vida da fascinante Imperatriz Sissi.

Schonbrunn Palace: principalmente em dias ensolarados, vale a caminhada até chegar ao topo do edifício Gloriette, cuja vista linda do jardim do palácio e da cidade, podem ser apreciadas de um charmoso café.

Anker Brot Fabriek: foi a maior fábrica de pães da Europa entre os séculos XIX e XX. Em 2009, seu prédio industrial deu lugar a um polo de arte contemporânea com estúdios, galerias, showrooms e performances.

Vienna State Opera: esse magnífico edifício tem concertos, óperas e balés ao longo do ano. Memorável.

Hotel Sacher: em hipótese alguma deixe de comer o famoso schnitzel (bife à milanesa). E que lugar melhor pra essa experiência se não for na instituição vienense Sacher? Símbolo de luxo, poder e glória! 

Porque Viena é uma referência em cidade para conhecer ou morar

Infraestrutura

As linhas de trem são sempre renovadas, bem como suas estações e a expansão necessária para acompanhar o crescimento da própria área urbana de Viena.

Em 2018, começou um grande projeto para a linha U5 de metrô, prevista para acabar em 2023. Sem contar o novo Terminal 3 recém aberto no aeroporto de Viena. Tudo pensando na expectativa de mais de 2 milhões de pessoas que até 2030 devem viver e trabalhar na cidade. 

Desenvolvimento urbano

A mais longa rua de compras Mariahilfer Strasse foi transformada em zona exclusiva para pedestres em 2015.

Enquanto isso, o Distrito 1 – Centro Antigo – foi redesenhado no ano passado com o propósito de se tornar um espaço compartilhado entre carros, ônibus, pedestres e ciclistas. Tudo contribui para uma equação melhor de convívio urbano.

Moradia

Cerca de 10 mil novas habitações são criadas a cada ano para parte da população com custos mais acessíveis – não significa pobreza e muito menos baixa qualidade na estrutura. Isso assegura equilíbrio social em novas áreas residenciais.

Lugares diferentes para conhecer em Viena

Saint Charles Apotheke

Para quem tem aquela mania de farmácias, ainda mais as que tem carinha antiga, a Saint Charles Apotheke vai agradar muito, especialmente pela sua filosofia.

São desde cosméticos e alternativas de medicina naturais, como a fitoterapia, até tratamentos com massagens, suplementos, aromaterapia e cremes incríveis.

Amalienbad Pool

À primeira vista, é uma das obras de arquitetura art deco/art nouveau mais deslumbrantes que existe. Construção dos anos 20, sua principal serventia, àquela época, era para a toalete pessoal dos cidadãos.

Pode não ser o Spa mais glamuroso que você já tenha visto, mas Amalienbad tem um charme ímpar e se tornou, ao longo das últimas décadas, o local procurado para se aquecer nos dias frios do rigoroso inverno austríaco, graças às salas de sauna e piscinas aquecidas.

A quem interessar: às terças e quintas, a sauna é mista e, como a maioria dos europeus é free mind, aglomeram-se casais, amigos, senhoras, comadres e uma galera eclética, que não se importa em se despir em público.

Demel

É na confeitaria Demel que a Imperatriz da Áustria, Sissi, encomendava delícias quando sentia vontade de uma extravagância, apesar de sua incontrolável vaidade e obsessão com a boa forma, não a permitirem fazer isso sempre.

Desde 1786, essa belíssima loja de vários andares produz localmente bolos, tortas, chocolates, gelatos e outras especialidades para uma clientela exigente.

Não à toa são um dos poucos lugares vienenses ainda em mãos familiares que carregam o padrão de altíssima qualidade “K.u.K”. 

Se a sigla é novidade pra você, ela significa “K.u.K: Royal e Imperial”, e atesta poucas empresas ainda geridas por mãos familiares – algumas em sua ou 6ª ou 7ª geração – que outrora eram fornecedores oficiais de produtos diversos para dinastias e a realeza.

As preferências de Sissi eram produtos sempre lindos de violetta, em especial os confeitados, e gelatos de violeta com cassis. Na maior parte das vezes, encomendava para mimar seus convidados em ocasiões especiais em sua residência no Palácio Imperial de Hofburg.

Grand Ferdinand Hotel

A rua mais tradicional e sofisticada de Viena ganhou um twist com a abertura do Grand Ferdinand: um hotel hiper moderno, que não tem medo de ousar. A rede escolheu a famosa Ringstrasse para se instalar, dividindo holofotes com hotéis tradicionais e cheios de pompa imperial.

Com um staff jovem, arquitetura bem minimalista em contraponto a pequenos toques extravagantes na escolha de alguns móveis e acessórios, o Grand Ferdinand virou hot spot de gente bacana e com espírito despretensioso.

Um dos seus maiores highlights é a concorrida piscina do rooftop, que já bombou no verão passado por ter uma das vistas mais lindas da cidade. 

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