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Paul McCartney pós Beatles: Uma história de resiliência e espírito criativo

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Paul McCartney pós Beatles: Uma história de resiliência e espírito criativo
Luciano Ribeiro Luciano Ribeiro

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Em 1973, Paul McCartney lançava seu mais importante álbum de carreira solo. No panteão do rock and roll, existe uma joia deslumbrante de um álbum que foi simultaneamente uma obra-prima e uma fênix renascida das cinzas.

O álbum em questão, ‘Band on the Run’ de Paul McCartney e Wings, foi lançado há 50 anos atrás, mas a saga de sua criação começou muito antes e se estendeu por continentes, marcada por caos, criatividade e coragem sem precedentes.

Um Beatle Renascido

Quando os Beatles se separaram em 1970, McCartney enfrentou a intimidadora tarefa de construir uma carreira solo, enquanto vivia sob a sombra da banda de rock mais bem-sucedida e amada do mundo.

Juntamente com sua esposa Linda e o ex-guitarrista do Moody Blues Denny Laine, McCartney formou a banda Wings em 1971. Seus dois primeiros álbuns, ‘Wild Life’ e ‘Red Rose Speedway’, receberam críticas mistas e não conseguiram alcançar o alto padrão estabelecido pelos Beatles. 

McCartney sabia que precisava de algo transformador. E assim, surgiu a ideia de ‘Band on the Run’. Eis que a Odisseia começa.

McCartney decidiu que gravar em um local exótico poderia proporcionar a faísca de que a banda precisava. Então, o plano foi definido: Wings voaria para Lagos, na Nigéria, para gravar seu próximo álbum.

No entanto, quase imediatamente, surgiram complicações. Dois membros, o guitarrista Henry McCullough e o baterista Denny Seiwell, deixaram a banda poucos dias antes da partida, citando reservas sobre a viagem.

Isso deixou McCartney, Linda e Laine como os únicos membros remanescentes. Eles se viram como uma banda em fuga antes mesmo de embarcar em sua aventura africana.

Denny Laine, Linda McCartney e Paul McCartney em 1977. Foto: Gems/Redferns

Prova de Fogo em Lagos

Ao chegar em Lagos, o trio encontrou um estúdio de gravação muito aquém de seus padrões. Sem a tecnologia mais recente, eles tiveram que improvisar e se virar com o que estava disponível. Mas McCartney não era estranho a desafios.

Ele tocou bateria e guitarra solo em muitas faixas, enquanto Linda fornecia teclados e backing vocals, e Laine preenchia as lacunas. Mas, seus problemas não estavam confinados ao estúdio.

McCartney foi assaltado à mão armada, perdendo uma bolsa de fitas demo no processo. Além disso, Fela Kuti, o pioneiro do Afrobeat, acusou McCartney de apropriação cultural. Apesar dessas dificuldades, McCartney manteve seu foco e continuou a criar.

O Triunfo de McCartney

Dessas condições caóticas surgiu um disco que era complexo, multicamadas e absolutamente belo. ‘Band on the Run’, com sua mistura de melodias irresistíveis, faixas profundas e sensibilidades que abrangem gêneros, se destacou de tudo que McCartney havia feito antes.

Era um álbum que funcionava como um todo, mas cada música poderia se destacar por seu próprio mérito.

A faixa-título, ‘Band on the Run’, é uma suíte ambiciosa que encapsula o espírito do álbum, evocando a sensação de fuga e liberdade. A colossal ‘Jet’ e a melancólica ‘Bluebird’ mostram a habilidade de McCartney para criar melodias memoráveis.

Outras faixas de destaque, como ‘Let Me Roll It’ e ‘Picasso’s Last Words (Drink to Me)’, demonstram sua amplitude e versatilidade.

‘Band on the Run’ foi um triunfo comercial e crítico, atingindo o número 1 nas paradas da Billboard e rendendo a McCartney um Grammy. A revista Rolling Stone, por exemplo, incluiu ‘Band on the Run’ em sua lista de “500 Maiores Álbuns de Todos os Tempos” em várias edições, destacando-o como o melhor trabalho de McCartney pós-Beatles.

O álbum também recebeu críticas favoráveis de outras publicações importantes da indústria da música, e muitos fãs e críticos o consideram um destaque na discografia de McCartney.

Paul McCartney em um show em Londres, em dezembro de 2018. Foto: Jim Dyson (Getty Images)

O Legado de ‘Band on the Run’

O legado de ‘Band on the Run’ é o testemunho de resiliência e espírito criativo. A concepção do álbum, marcada por obstáculos, confronta a essência do que significa criar sob pressão.

O resultado foi uma obra-prima que confirmou a genialidade de McCartney, mostrando ao mundo que ele poderia brilhar fora da órbita dos Beatles. Olhando para trás, quase meio século depois, ‘Band on the Run’ se destaca como um farol do talento musical de McCartney.

Outros discos que marcaram história

Aqui vai uma lista com alguns dos trabalhos que eu mais gosto, mas que também são sucesso de crítica e ocupam listas de referência até hoje . Vale a pena conferir!

  • The Dark Side of the Moon (Pink Floyd): É um dos álbuns mais vendidos de todos os tempos e é elogiado pelo uso inovador de efeitos sonoros e temas líricos.
  • Houses of the Holy (Led Zeppelin): O quinto álbum de estúdio do Led Zeppelin continuou sua série de música rock inovadora e poderosa.
  • Goodbye Yellow Brick Road (Elton John): Este álbum duplo inclui algumas das canções mais amadas de Elton John, como “Candle in the Wind” e “Bennie and the Jets”.
  • Quadrophenia (The Who): Uma ópera rock que contou uma história complexa e estratificada, considerada uma das maiores conquistas do The Who.
  • Innervisions (Stevie Wonder): Um marco no gênero da música soul, este álbum apresentou Stevie Wonder no auge de sua criatividade.
  • Raw Power (Iggy and the Stooges): Um dos álbuns seminais no desenvolvimento do punk rock.
  • Berlin (Lou Reed): Um álbum criticamente divisivo no momento de seu lançamento, agora é reconhecido como uma das obras-primas de Reed.
  • Aladdin Sane (David Bowie): O sexto álbum de estúdio de Bowie, apresentando sucessos como “The Jean Genie” e “Drive-In Saturday”.
  • Let’s Get It On (Marvin Gaye): Um dos álbuns mais sexualmente carregados de todos os tempos, é um marco no gênero soul.

Nesta outra lista você confere mais 10 álbuns que marcaram a história do rock, e que além da sonoridade, trazem toda uma história por trás da produção.

E aí, gostou de saber como foi o “turn point” do Paul McCartney, além de conhecer ou relembrar outros artistas e álbuns memoráveis?

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Até mais! Nos vemos por aqui!


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