O Grande Circo da Perfeição: Um espetáculo de autenticidade escondida
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Em nossa moderna sociedade do espetáculo, todos somos artistas. A cada dia, somos convidados a subir ao palco da vida e executar uma grande acrobacia de perfeição. Mas, quem construiu este palco? E quem está ditando o que constitui uma performance perfeita?
Os rugidos dos leões são inconfundíveis – ‘Eu posso, eu quero, eu faço’. Essas vozes têm a autoridade dos gurus de autoajuda, cujos estrondosos rugidos ressoam através da arena da vida moderna, nos forçando a executar performances cada vez mais arriscadas.
E aí estamos nós, acrobatas na corda bamba da vida, esforçando-nos para não cair, tentando agradar a todos. Cada dia é uma nova performance, uma nova chance de provar nosso valor, de mostrar a todos o quanto somos bons, o quanto somos dignos.
Mas, em meio a essa busca frenética pela perfeição, onde está o espaço para sermos simplesmente humanos? Onde está a permissão para deslizar para a escuridão, para a parte de trás do palco, onde somos livres para ser fracos, covardes, entediantes?
Há uma frase famosa de Freud que diz: “Seríamos muito melhores se não perdêssemos tanto tempo tentando ser bons”. Nessa simples frase, ele expôs o grande truque do Impostor dentro de cada um de nós, o personagem que nos engana, nos fazendo acreditar que devemos sempre ser os melhores, os mais brilhantes, os mais perfeitos.
Mas e se pudéssemos descobrir a beleza na autenticidade, na imperfeição, na vulnerabilidade? E se, ao invés de se esforçar para ser o acrobata perfeito, nos permitíssemos ser o palhaço, tropeçando e caindo, mas sempre se levantando de novo?
E se o verdadeiro espetáculo estivesse não em nossas vitórias, mas em nossas quedas, em nossa habilidade de mostrar ao mundo nossas cicatrizes e ainda assim seguir adiante?
A verdadeira beleza da vida não reside em sermos perfeitos, mas em sermos verdadeiramente humanos. E talvez seja hora de mudarmos a performance, de nos livrarmos dos trajes de nosso Impostor e pisar no palco com nossos verdadeiros eus à mostra.
Então, eu convido você a subir a esse palco. Troque a corda bamba pelo picadeiro. Deixe o leão rugir, deixe o público assistir. Tropece, caia, levante-se de novo. E no final, você descobrirá que o mais belo som não é o estrondo do público, mas o silêncio reconfortante do seu verdadeiro eu, aplaudindo sua performance mais autêntica.
A vida é um grande circo, e cada um de nós é o verdadeiro artista do espetáculo. Não o artista que o mundo quer que sejamos, mas o artista que realmente somos.
Porque, no final das contas, não são os truques complexos e a maestria acrobática que nos tornam únicos e dignos de aplausos. É a nossa humanidade inegável, a nossa habilidade de sermos reais na frente de uma multidão de expectativas, a nossa coragem para se revelar, vulnerável e verdadeiro, apesar de nossos temores.
Nosso Impostor interno pode sussurrar de volta ao nosso ouvido: “Eles vão rir, eles vão zombar, eles vão julgar”. Mas aí reside a beleza do palco da vida. Quando você se revela, quando você se permite ser autêntico, você não só silencia o impostor dentro de você, mas também dá permissão a outros para fazerem o mesmo.
E enquanto o grande espetáculo da vida continua, enquanto o circo da perfeição continua a girar, nós podemos escolher a diferença. Nós podemos escolher a autenticidade sobre a performance, a verdade sobre a ilusão, a humanidade sobre a perfeição.
E talvez, apenas talvez, quando o pano cair, quando as luzes se apagarem e os leões finalmente silenciarem, o que será lembrado não será a perfeição de nossa performance, mas a autenticidade de nosso ser.
O convite está feito. A cortina se abre. Suba ao palco e seja o verdadeiro artista de sua vida. Deixe o circo da perfeição para trás e viva o espetáculo de ser autenticamente você.
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