Chega de Gurus

Fico muito feliz que você esteja lendo este texto. Para começarmos, já adianto que você não encontrará aqui nenhuma fórmula secreta. Neste artigo, não vou revelar cinco passos para um caminho vitorioso, nem planos para você conquistar uma barriga tanquinho em apenas 15 dias. 

Você encontrará, neste meu primeiro texto, um pai de cinco filhos. Isso mesmo, cinco. Após ser presenteado com quatro meninos, chegou em nossas vidas a princesa Lara. E isso me coloca em uma condição diferente no mundo, já que poucos têm a coragem de gerar tantos seres humanos para um planeta tão complexo. 

Há uma frase de Carl Jung que diz o seguinte: “Nascemos originais e morremos como cópias”. O triste é que talvez isso nunca tenha sido tão verdadeiro como nos dias atuais.

O brasileiro é o povo mais conectado em redes sociais no planeta, gastando em média 5,4 horas por dia utilizando o smartphone. Tanto tempo conectado tem gerado um fenômeno mundial chamado homofilia, que é a tendência de vivermos somente entre os iguais. 

Criamos bolhas, nos isolamos em tribos e estamos aceitando somente aqueles que pensam, agem e vivem como nós. Estamos perdendo a capacidade de conviver com o contraditório, o divergente e o diferente. 

Vou lhe apresentar um exemplo: suponha que você ouça pagode no Spotify. Sabe qual gênero musical o aplicativo vai te sugerir a vida inteira? Você acertou se disse Pagode. Isso é conhecido como viés da confirmação. O algoritmo entrega aquilo que parece nos interessar. Esta é a estratégia usada para reter nossa atenção. 

Você já deve ter passado por isso. Em uma conversa antes de dormir, minha esposa me disse que, para o aniversário dos gêmeos, queria fazer uma bola de futebol personalizada com o tema da festa. Sabe o que apareceu no Instagram dela, naquela mesma noite? Isso mesmo, bolas de futebol personalizadas.  

Agora, faça uma pausa. Respire fundo, ouça seu coração por alguns segundos, coloque um fone de ouvido com uma música que mexe com você e continue aqui comigo.  

Dentro das nossas bolhas, estamos criando um mundo de intolerância, separação e divisão, onde não aceitamos mais o diferente. No entanto, o crescimento humano se dá justamente nas diferenças. Sem perceber, estamos perdendo nossa humanidade e nos tornando, a cada dia, pessoas produzidas em série, robotizadas, automatizadas.

Estamos olhando a grama do vizinho e ela nunca pareceu tão verde como agora. Milhares de gurus mostram seus carros importados, seus aviões particulares, suas mansões suntuosas, fazendo com que você se sinta pequeno. Esta enxurrada de informações pode levá-lo a se autossabotar, achando que sua vida não tem valor, caso não conquiste essas coisas. 

Precisamos urgentemente romper essa bolha, resgatar nossa autoralidade, nossa presença no presente, nossa consciência de que nossa vida é incomparável. É necessário reconhecer que não existe absolutamente ninguém no mundo como você. Suas características físicas, seus valores, seus princípios, suas habilidades e potenciais são únicos no mundo. 

Chega de gurus, você precisa voltar a ouvir a si mesmo; a sentir seu coração bater, a olhar as coisas incríveis que você tem ao seu redor. Não importa quantas batidas seu coração dará, nesta vida, e nem a velocidade com que ele bate. O que realmente importa são os motivos pelos quais seu coração bate todos os dias. 

Entender os motivos, faz com que você saiba que, mesmo em meio a muitos desafios, perrengues e pedras pelo caminho, você sempre terá alguém que olha para você como um ser único neste mundo. E é só isso que importa. 

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