Dia do Orgulho LGBTQIAPN+: Uma celebração histórica de luta e esperança
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Hoje é o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+ e a data, eternizada pela revolução de Stonewall em 1969, traz inúmeros motivos para celebrar, mas o caminho ainda é árduo quando o assunto é garantir segurança, direitos e subsídios necessários às pessoas LGBTQIAPN+.
Como trouxemos recentemente no estudo ARAMIS +WGSN, alguns padrões foram sendo construídos ao longo da História, nos fazendo acreditar que existe um certo e um errado, resultando, consequentemente, no que deve ou não ser aceito.
Isso, muitas vezes, quase que inconscientemente, faz com que muitos de nós passemos a acreditar que algumas existências não tem tanta importância quanto outras, pelo simples fato de sentir, amar, se relacionar, se identificar e/ou se expressar de suas formas. O que parece absurdo, mas infelizmente é real.
Hoje, vamos falar um pouco sobre a história que marca o Dia do Orgulho, trazer alguns dados sobre a violência, as lutas e as conquistas da comunidade LGBTQIAPN+, além de ressaltar os nossos compromissos e responsabilidades como pessoas e sociedade na busca por equidade, amor, respeito e respaldo à toda a comunidade.
Vamos nessa!
O significado de Stonewall
A celebração do Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+ que conhecemos hoje tem suas raízes na rebelião de Stonewall, um evento marcante e fundamental na luta pelos direitos das pessoas LGBTQIAPN+, que aconteceu em 28 de junho de 1969, no bar Stonewall Inn, localizado em Nova York, nos Estados Unidos.
Naquela época, a hostilidade contra a comunidade LGBTQIAPN+ era institucionalizada, e a polícia frequentemente invadia bares que eram conhecidos como refúgios seguros para a comunidade. Na noite do dia 28, no entanto, a comunidade reagiu à invasão policial, dando início a seis dias de protestos e conflitos intensos.
Este evento é amplamente considerado como o estopim para o movimento moderno pelos direitos LGBTQIAPN+, e é por isso que o dia 28 de junho é celebrado mundialmente como o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+.
Algumas das lutas e conquistas da comunidade LGBTQIAPN+ até hoje
Mundo afora
Nos anos após a rebelião de Stonewall, surgiram diversas organizações ativistas LGBTQIAPN+, como a Gay Liberation Front e a Gay Activists Alliance. Elas não só lutavam contra a criminalização da homossexualidade, mas também promoviam a visibilidade e a aceitação da comunidade.
A partir dos anos 80 e 90, a luta pela proteção e direitos iguais para as pessoas vivendo com HIV/AIDS tornou-se uma das principais questões do movimento LGBTQIAPN+. A epidemia de AIDS destacou a discriminação e negligência sofrida pela comunidade, levando a avanços significativos em direitos de saúde e tratamento igualitário.
A última década tem visto uma expansão na luta pelos direitos trans e não binários. Em 2012, a Argentina estabeleceu a lei de identidade de gênero, que permite que as pessoas alterem seu gênero em documentos oficiais, sem a necessidade de intervenção médica.
Em 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) excluiu a homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças. Dez anos depois, em 2020, a Organização Mundial de Saúde também retirou oficialmente o “transtorno de identidade de gênero” de sua lista de doenças mentais.
Inclusive, vale lembrar que o termo “homossexualismo” não é a grafia correta para a orientação sexual, tendo em vista que, na etimologia, o sufixo “ismo” é comumente utilizado para representar doenças.
Esses foram passos importantes para a aceitação de pessoas LGBTQIAPN+, especialmente gays e trans.
No Brasil
Aqui no Brasil, a luta também tem sido longa e árdua. Durante a ditadura militar (1964-1985), a comunidade LGBTQIAPN+ foi severamente reprimida. No entanto, a partir da década de 1990, o país começou a fazer progressos significativos.
Em 2011, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a união estável para casais do mesmo sexo, e em 2013, o Conselho Nacional de Justiça permitiu o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.
Reconhecimento Legal de Identidade de Gênero
Em 2018, o Supremo Tribunal Federal decidiu que transexuais e transgêneros têm o direito de alterar seu nome e gênero em documentos oficiais sem a necessidade de cirurgia, tratamento médico ou decisão judicial.
Proteção Contra Discriminação
Em uma decisão histórica em 2019, o STF criminalizou a homofobia e a transfobia. A decisão significa que a discriminação contra pessoas LGBTQIAPN+ é equivalente ao racismo, sendo passível de punição.
Direito à Adoção
A adoção por casais do mesmo sexo também é legal no Brasil, garantindo que muitas crianças encontrem um lar amoroso e que casais do mesmo sexo possam constituir família de forma plena e igualitária.
Apesar dessas conquistas, a luta ainda está longe de acabar. É essencial continuar lutando pela proteção dos direitos LGBTQIAPN+, pela aceitação social e pelo fim da violência e discriminação baseada na orientação sexual, identidade e expressão de gênero.
A violência contra a comunidade LGBTQIAPN+
Apesar dos avanços, a violência contra a comunidade LGBTQIAPN+ continua sendo uma realidade assustadora tanto no mundo quanto no Brasil.
Em 2019, a Trans Murder Monitoring (TMM), uma pesquisa global que coleta dados sobre assassinatos de pessoas trans, registrou 331 casos de assassinatos de pessoas trans em todo o mundo, 130 deles somente no Brasil.
Isso aponta para a realidade de que, embora conquistas significativas tenham sido feitas, ainda há muito trabalho a ser feito para garantir a segurança e os direitos da comunidade LGBTQIAPN+.
Nossos compromissos e responsabilidades com pessoas LGBTQIAPN+
Neste Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+, é crucial refletir sobre nossos papéis individuais e coletivos na busca pela equidade. Aqui estão algumas maneiras pelas quais podemos fazer isso:
Educação
A falta de compreensão é muitas vezes a raiz do preconceito. É crucial nos educarmos sobre as diferentes identidades e experiências presentes dentro da comunidade LGBTQIAPN+.
Isto inclui aprender sobre as várias identidades de gênero e orientações sexuais, bem como a história e as lutas da comunidade. É importante também educar outras pessoas ao nosso redor, disseminando uma cultura de respeito e compreensão.
Apoio Emocional e Prático
Para aqueles que são diretamente conectados a indivíduos LGBTQIAPN+, é importante oferecer suporte emocional e prático.
Isto pode incluir ser uma pessoa de confiança, ajudar com questões práticas relacionadas à transição de gênero, ou simplesmente estar lá para ouvir quando eles precisarem.
Luta por Políticas Inclusivas
Devemos nos empenhar em promover e apoiar políticas e leis que protejam a comunidade LGBTQIAPN+ e promovam a igualdade de direitos.
Isto pode ser feito ao escolher candidatos que apoiam a igualdade de direitos, fazer pressão sobre os representantes políticos para que implementem políticas de proteção, e participar de protestos e marchas de solidariedade.
Combate à Discriminação
Todos nós temos a responsabilidade de combater a discriminação onde quer que a vejamos. Se testemunharmos discriminação ou preconceito contra a comunidade LGBTQIAPN+, devemos tomar medidas para interromper essa conduta e apoiar a pessoa afetada.
Aliança Ativa
Ser um aliado significa mais do que apenas não ser preconceituoso – significa ser ativamente inclusivo.
Isto envolve perguntar e usar os pronomes corretos de alguém, escutar as experiências das pessoas LGBTQIAPN+ com respeito e empatia, e incluir pessoas de todas as orientações sexuais e identidades de gênero em seu círculo social.
Advocacia
Podemos usar nossa própria influência e plataformas para defender a comunidade LGBTQIAPN+.
Isto pode significar compartilhar histórias e trabalhos de pessoas LGBTQIAPN+ em nossas redes sociais, fazer campanhas para instituições de caridade LGBTQIAPN+, ou simplesmente conversar com nossos amigos e familiares sobre a importância da igualdade de direitos.
Nós, como sociedade, devemos nos esforçar para criar um ambiente onde cada indivíduo possa expressar abertamente sua identidade, orientação e expressão sexual sem medo de perseguição ou discriminação.
Hoje, no Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+, celebramos as muitas cores que compõem nossa sociedade e reafirmamos nosso compromisso de defender o amor, o respeito e a equidade a todos.
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